Soluções digitais para qualificar serviços ao cidadão esbarram também na falta de conectividade, aponta painel no South Summit
A enorme diferença entre as realidades vivida pela população de cada uma das regiões do país representa o maior desafio para a transformação digital dos serviços do setor público. Além da diversidade de demandas em cada município, a precariedade em termos de conectividade em boa parte dos municípios também é um obstáculo para que a tecnologia amplie om conceito de cidades inteligentes.
Estas são algumas das conclusões dos painelistas que participaram, nesta quarta-feira (dia 29/3), de um debate sobre o tema durante o South Summit Brazil. O debate foi coordenado pelo diretor de Planejamento do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Otomar Vivian.
Como a experiência de dois mandatos como prefeito de Caçapava do Sul, o diretor salientou na abertura do encontro o quanto a incorporação de novas tecnologias agrega em eficiência aos governos. “Por isso que as cidades inteligentes são vistas hoje como aquelas que colocam as pessoas no centro do desenvolvimento, pois a inovação ajuda e melhorar a qualidade dos serviços prestados nas mais diferentes áreas”, destacou Vivian.
Crédito e assistência
Um dos responsáveis diretos pela vinda do South Summit para Porto Alegre, o ex-secretário de Planejamento do RS, Claudio Gastal, reforçou as questões de diversidade de demandas em cada cidade como um grande desafio. “O que é prioritário para um cidadão de uma grande metrópole, nem sempre é a prioridade um município com menos de dez mil habitantes., o que se agrava pela lacuna que existe no Brasil em termos de conectividade. Se aqui temos internet 5G, em dez quilômetros nem há sinal 1G”, sintetizou.
Por outro lado, o ex-secretário – especialista em sistemas de informação – observou que o uso de tecnologia em maior escala representam saltos maiores para atender essa demanda. “Por isso, é importante que além de financiar a transformação digital nas cidades, os bancos de fomento ofereçam assistência técnica na elaboração e execução dos projetos, acrescentou Gastal, que já foi indicado pelo governo do Estado para assumir a presidência do Basesul.
Representante do Grupo BID no Brasil, Morgan Doyle expôs algumas experiências importantes do banco internacional no apoio a projetos de transformação digital na área pública, com destaca para soluções customizadas para estudantes para o ensino de Português e Matemática em cidades do Nordeste brasileiro.
“O Brasil tem um modelo ímpar com seu ecossistema de inovação, o que pode trazer impactos positivos”, referiu Doyle. O representante do BID mencionou, também, a possibilidade de os municípios brasileiros informarem suas demandas através do Portal Gov.br, que permitirá um diagnóstico das necessidades.
O executivo principal em Cidades Inteligentes e Municípios Digitais do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Marcelo Facchina, destacou o quanto o processo de urbanização das pessoas vem sendo acompanhado também do avanço digital. “O mundo das cidades digitais representa inclusive maior confiança da população nos governos, uma vez que os investimentos trazem maior eficiência nos serviços e maior resiliência dos territórios”, descreveu.
Assim como aumenta a expectativa do cidadão por mais qualidade dos serviços que lhe são oferecidos, acrescentou Facchina, a transformação digital traz redução de custos. Ele também destacou a necessidade de que os investimentos dos bancos de fomento para a transformação digital nas cidades venham acompanhada de apoio técnico para alcançar soluções em escala.
VOLTAR