O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) assinou, nesta terça-feira (2), termos de cooperação que marcam o lançamento do Programa de Descarbonização da Indústria Paranaense, iniciativa do Sesi Paraná em parceria com BRDE, Fundação Araucária e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest). O anúncio ocorreu durante o encerramento do 2º Encontro Paranaense de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade (EPMAIS), realizado no Campus da Indústria da Fiep, em Curitiba.
O programa tem como objetivo apoiar indústrias paranaenses na transição para uma economia de baixo carbono, alinhada à pauta ESG e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A parceria com o BRDE prevê a disponibilização de um edital específico para empresas que concluírem o ciclo do programa, com aporte financeiro total de R$ 1,6 milhão, contemplando até 16 projetos de descarbonização.
Representando o BRDE, a gerente de Planejamento, Lisiane Astarita, destacou que os recursos destinados ao programa são provenientes do Fundo Verde do banco. “É um fundo em que direcionamos parte do nosso lucro para projetos de apoio a mudanças climáticas, sustentabilidade e biodiversidade. Esperamos que as empresas se interessem e vamos fomentar fortemente a participação. As indústrias que passarem por toda essa jornada poderão receber esses recursos não reembolsáveis para executar seus planos de ação”, afirmou.
O diretor administrativo do BRDE, Heraldo Neves, reforçou o papel estratégico da parceria com o setor industrial. “O BRDE tem buscado ampliar o alcance do Fundo Verde e esta iniciativa, em parceria direta com a indústria, é fundamental para acelerar a transição energética e apoiar empresas que desejam se preparar para os novos mercados. Nosso compromisso é oferecer condições para que o setor produtivo avance em inovação e sustentabilidade”, disse.
SELO CLIMA – Além do convênio com o BRDE, a parceria firmada com a Sedest incentivará as indústrias participantes a se inscreverem no Selo Clima Paraná, que reconhece boas práticas ESG e acompanha resultados de mitigação de gases de efeito estufa por meio do Registro Público Estadual de Emissões.
O secretário do Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca, destacou que o Paraná possui índices elevados de sustentabilidade e pode avançar ainda mais com ações como o Programa de Descarbonização. “Estejam atentos ao grande futuro da descarbonização, porque o novo nome da ética empresarial, para ter bom mercado, para ter bom preço, para ter todos os selos que os europeus e todos os outros mercados exigem, é descarbonização e sustentabilidade”, acrescentou.
O presidente do Sistema Fiep, Edson Vasconcelos, ressaltou que as novas parcerias fortalecem o programa e o compromisso da indústria paranaense com o desenvolvimento sustentável. “Nós temos um grande desafio de mostrar para o empresário que fazer a rastreabilidade e ter a sua indústria com pegada zero vai garantir capacidade de a gente conseguir gerar e distribuir riqueza. Por isso, este é um projeto que, com certeza, deixará boas marcas”, disse.
PROGRAMA DE DESCARBONIZAÇÃO – O Programa de Descarbonização Sesi foi desenvolvido para apoiar indústrias na redução de emissões, combinando capacitação técnica, diagnóstico especializado, definição de metas e planos de ação personalizados. As empresas participantes terão acesso à orientação técnica, conexão com mecanismos de financiamento e possibilidade de concorrer a recursos por meio de editais.
A meta inicial é atender 100 indústrias paranaenses (60 de médio porte e 40 micro e pequenas), com o impacto esperado de redução de até 150 toneladas de CO₂ por empresa, totalizando 15 mil toneladas mitigadas. A duração será de três a seis meses por ciclo, com turmas mensais de até 10 indústrias.
O programa está estruturado em cinco etapas: Oficina de Sensibilização e Capacitação – panorama regulatório e benefícios da descarbonização; Diagnóstico de Emissões (Inventário GEE – Escopos 1 e 2) – análise técnica do perfil de emissões; Definição de Metas de Redução – apoio técnico para metas alinhadas à estratégia de negócio.
Outras fases se referem ao Plano de Ação para Descarbonização – modelagem de iniciativas de eficiência e tecnologia de baixo carbono e Remoção ou Compensação de Emissões – capacitação sobre mercado de carbono e identificação de oportunidades.
“O desafio da descarbonização exige que ciência, tecnologia e inovação estejam diretamente conectadas ao setor produtivo. Por isso, para a Fundação Araucária, esta parceria representa mais do que um apoio financeiro: ela simboliza a união entre pesquisa aplicada, formação de competências e transformação real dentro das indústrias paranaenses”, disse a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Fundação Araucária, Fátima Padoan.
FUNDO VERDE BRDE – O Fundo Verde BRDE é um mecanismo que apoia projetos voltados à sustentabilidade, mudanças climáticas e preservação da biodiversidade. Alimentado com recursos provenientes de parte do lucro líquido da instituição, o fundo financia iniciativas não reembolsáveis que promovem inovação ambiental, transição energética e práticas de baixo carbono.
Desde seu início, o Fundo Verde tem se consolidado como instrumento estratégico para estimular empresas e organizações a desenvolverem soluções alinhadas às metas de neutralidade climática e ao desenvolvimento sustentável da região Sul.
Entre os projetos já apoiados estão o edital para adesão de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) ao programa de créditos de biodiversidade do Paraná, que une conservação ambiental e geração de renda por meio da certificação de áreas privadas de preservação; e uma parceria com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, voltada à manutenção da floresta em pé e ao desenvolvimento sustentável da Grande Reserva Mata Atlântica, o maior remanescente contínuo do bioma no Brasil.
O diretor-presidente do BRDE, Renê Garcia Júnior, destaca que o banco tem buscado ampliar o alcance dessas iniciativas por meio de parcerias nacionais e internacionais. “O BRDE, em parceria com organismos internacionais, apoia projetos de sustentabilidade em linhas de crédito com condições diferenciadas e juros mais competitivos para iniciativas que estejam alinhadas às práticas de baixo carbono e inovação ambiental. É uma oportunidade para que empresas modernizem seus processos, ampliem sua competitividade e, ao mesmo tempo, contribuam para a transição rumo a uma economia mais sustentável”, afirmou.
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