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Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos

Antonio Malta Campos
03.10 – 25.10.24

A exposição individual intitulada “Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos”, com curadoria de Mariane Beline, apresenta um recorte da produção do artista ao longo de seus 40 anos de produção, incluindo obras em aquarela, óleo sobre tela e assemblages.

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Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos

_Mariane Beline

Nos traços e contornos de Antonio Malta Campos, se integra a composição e decomposição da forma, na criação de um sistema permeado pela investigação cromática. Na individual “Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos” somos convidados a vivenciar a livre experimentação da forma e da cor. Ao longo de seus quarenta anos de trajetória, o artista desenvolveu a pintura em suas diversas facetas, seja na aquarela, na tinta a óleo ou em assemblages.

O entendimento cromático do artista ocupa o Palacete dos Leões, datado de 1902, amalgamando um diálogo estreito entre a contemporaneidade e o patrimônio histórico. As pinturas ecoam um leque de referências modernas, em que vemos nuances das abstrações de Juan Miró, alusões a corpos surreais de Maria Martins e ao uso da cor experimental de Paul Klee.

Vista da exposição Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos, 2024.

Sua produção não pode ser represada, ora paira sobre o figurativo, ora encaminha-se para a abstração, em uma destreza técnica que sustenta os gradientes tonais. Opera na criação de texturas diversas em um vasto repertório plástico que circunda a manifestação da luz. A mostra explora trabalhos em grande dimensão e uma quantidade expressiva de obras menores, pontuando sua poética ativa, em um processo que multiplica e pulveriza o pensamento Maltiano pelo espaço, em que a pincelada vibra e as cores sinalizam movimento, revelando delineamentos geométricos e gráficos.

Sua prática constrói um universo pictórico que parte do mesmo traço e da mesma pincelada e, no entanto, a cada atravessamento com seus trabalhos, nota-se um novo Malta. Coerente visualmente, reitera elementos que já estavam presentes em seus quadrinhos da década de 1970, e prolonga novos personagens até os dípticos que beiram o surreal em produções recentes de 2023. O arranjo de suas cores, linhas e formas atua como uma sinfonia musical; são vibrações que emanam ao sugerir paisagens, rostos, máscaras, cabeças ou absolutamente outras percepções que se ativam no imaginário do observador.

Vista da exposição Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos, 2024.

Um corpo de trabalho que se destaca na exposição são as chamadas “Misturinhas”, uma feitura que atravessa toda sua carreira. Deparamo-nos com traços desinibidos de lápis ou nanquim aderidas a intervenções, como recortes, colagens, adesivos, acrílica e óleo, demonstrando a profusa capacidade produtiva do artista, em um jogo visual que convida os espectadores a se encantarem com a amplitude criativa da investigação formal.

Nesta variedade compositiva, as misturinhas são sincronicamente autônomas enquanto produção, mas também se projetam como referência ao serem transpostas a dimensões maiores, como podemos ver na associação construída entre a pintura “Tricolor” (2019) e uma das misturinhas que compõe a parede que contempla quarenta trabalhos realizados em 2018.

Os matizes em suas composições paisagísticas flutuam entre seres microscópicos, cenários arenosos, partes corporais ou mesmo cenários ficcionais de outros astros, culminando em uma figuração não explícita, sugerida a partir da construção abstrata. Seu universo poético é a expansão da operação pictórica e atinge o exímio manejo da profusão cromática. Suas composições revelam gradações ora sutis, ora hiperbólicas, flutuando em azuis, neons e tons terrosos, na criação de um universo ficcional a partir do contorno, linhas e texturas da pintura. A prática de Malta é matéria que provoca detalhes sensoriais em nós, engendrando o encontro intrínseco entre a forma e a cor.

Antonio Malta Campos, Sem título, Misturinhas, 2018.

Sobre a artista
Antonio Malta Campos (São Paulo, Brasil, 1961) vive e trabalha em São Paulo. Um dos nomes centrais do núcleo paulista da celebrada Geração 80, Malta explora em sua obra inquietações sobre a forma e o meio pictórico, que se entrecruzam e se expandem a partir de seus conhecimentos e estudos. Ao longo de seus quarenta anos de trajetória, o artista desenvolveu a pintura em diversas facetas, utilizando diferentes suportes e técnicas, como aquarela, tinta a óleo e assemblages.

Sobre a curadora
Mariane Beline é curadora, professora e artista visual. Pesquisadora com doutorado em andamento no PGHEA – Programa de Pós-Graduação Interunidades em Estética e História da Arte/USP, é mestre em Ciências da Comunicação/USP e conta com especialização em Arte: Crítica e Curadoria/PUC-SP. Possui graduações em Comunicação Social (Relações Públicas) e Artes Visuais (Escultura) pela ECA-USP. Realizou a curadoria das exposições “Revés” (2022) no espaço Cratera; “Sergio Lucena: Veredas” (2023) na Simões de Assis; “Blecaute” (2023) no espaço Cratera; “O meio é a massagem” (2024) na Simões de Assis; “Auroras” na Simões de Assis; Bedtime Story e Quimera no Projeto Caroço (2024).

Artista Antonio Malta Campos Curadoria Mariane Beline Assistente de curadoria Luana Rosiello Coordenação de Produção Georgia Graichen Identidade Visual Dayanna Salles Montagem Raul Fuganti Assessoria de Comunicação Renata Borges Todescato Assessoria de Imprensa Ronise Vilela Comissão Cultural BRDE Mariana Bernal, Paulo Marques e Sandro Hauser Mediação Kathia Bello Apoio Simões de Assis.

A exposição Entre luz e sombras: a poética de Antonio Malta Campos  é uma realização do #BRDE Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.